sexta-feira, 12 de agosto de 2011

NÃO TEM JEITO


NÃO TEM JEITO...

Quando ela chega não tem jeito não, vai entrando no peito, sem forma ou jeito e fica o tempo que quiser. Não pede licença porque não pediu para vir.
Veio com tempo que lhe chamou sem hora marcada, e uma visita muitas vezes inesperada, que solidão foi buscar. É um resto do nada, de um algo talvez que ficou por aí perdido sem saber onde ficar...
Ele chega nas horas mais difíceis de uma vida... trazendo lembranças perdidas de algo, que foi muito importante, mas que infelizmente nada deixou a não ser um vazio de ter sido quase real.
Ela não acrescenta nada na sua vida, porque nada deixou de si, apenas a lembrança que o tempo levou, como companheira e que agora a devolve porque no fundo dói ele que realmente a utilizou...
Ela é fruto do momento, em que a esperança não cria mais nada. Ela é o abandono do sonho, que norteia o caminho, na realidade ela é a sobra do nada.
Quando nos momentos de ausência de nós, ela chega bem de leve e se faz tão real, que o passado torna forma de presente, e nesse momento deixamos o nosso momento virar passado...
Mas o seu tempo não dura muito, mas incomoda mais do que a sua permanência, tem um gosto de ontem com cara de presente.
Não temos como impedi-la de vir, ela faz parte também de nós. E o nosso lado humano não dominado que sem data ou hora nos surpreende e até nos apavora...
Não sei como algo, que é fruto do que não ficou, esteja tão presente em nós dando a impressão até de ter sido criado por uma outra vida...
Quem sabe, ela veio de uma vida, que por não ter direção, vivia sempre do seu passado e por isso nunca pode virar presente de ninguém...
Mas não tem jeito... por mais que ela demore, quando chega, machuca com lembranças coisas ou momentos que guardamos escondidos de nós dentro do

IMAGEM

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Eu estou ali, olhando naquele espelho que não retrata o meu “eu” apenas uma figura que me empresta contornos, mas que não sou eu...
Eu estou ali, imagem viva de uma projeção inerte por momentos sem vida que espelha uma sombra de alguns momentos vividos que chegou até aqui, apesar de muita sofrida, trazendo uma esperança, quem sabe de em outras vidas, ser como gostaria de ter vivido neste momento.
Quem me olha, nesse reflexo, não tem nada comigo, essa projeção sem sentimentos e emoções foi criada e não vivida na trajetória que eu chamo de vida. É o meu “eu” externo que me foi dado sem poder de decisão como quase tudo que tem forma já antes estabelecida...
Ela me assusta, porque não tem sentimentos, e as vezes é tão fria que me impede de sentir as emoções que tenho dentro do peito. Ela é a minha embalagem descartável que me acompanha como uma sombra, não deixando que eu fique sem ela nem um segundo. Ela é a minha forma de ser, fria como uma máquina e indiferente aos momentos que possuo e que não tem o menor significado na sua existência.
Tem certas horas que eu gostaria que não houvesse reflexo nenhum, que eu fosse apenas os meus sonhos sem forma determinada.
Quem sabe em um determinado momento eu pudesse ver ali refletindo o meu “eu” do outro lado, com tudo que eu sonhei, ganhando nesse momento forma de vida...
Não haveria necessidade de mais nada, porque ali estaria um retrato de vida pura como sempre foi, e que sempre viveu em mim perdido.
Eu sei que, posso até parecer um louco, mas, quem se perde na procura de algo maior do que imagina, tem que sonhar um pouco.
Um dia quem sabe... as coisas mudem aqui dentro, nesse dia já não existirão espelhos nem dentro nem fora de mim. Eu não serei reflexo porque tudo será igual nos dois espaços da mesma forma, sem necessidade de criar imagens de mim

FICA A MEU LADO

FICA AO MEU LADO


Vem, caminha ao meu lado, eu quero sentir que tenho alguém que pode me ajudar na hora da dúvida e da solidão.
Fica ao meu lado, estenda a sua mão, para que, ao tocá-lo, receba a força da sua luz.
Divida comigo tudo que sentir vontade, independente de achar ser importante ou não.
Eu quero sentir que, em todos os momentos, a sua presença esteja ali, independente da necessidade de utilizá-la.
Poder caminhar com a sensação de pluralidade é muito bom. Porque nunca estaremos sós, por mais que estejamos sozinhos...
Pelo caminho, dividiremos momentos bons e ruins, e isso nos fará menos distantes, mais irmãos.
Poder sentir em mim, a sua continuidade e duplicar minhas dimensões e ficar mais forte.
Não sei como será essa caminhada, mas não importa, porque saberemos ultrapassá-la, porque não haverá diferença entre eu e você.
Existirão momentos que a nossa identidade será uma só, porque estaremos tão ligados que um só sentimento responderá por nós.
Quando estivermos já bem distantes, após termos passado por momentos difíceis, quem sabe, e sentirmos que a nossa integração é a única força do nosso caminho, haverá uma alegria enorme por sentir que tudo que atravessamos era inferior à nossa capacidade de alcançar os nossos objetivos.
Mas isso só foi possível, porque nos momentos mais difíceis você estava aqui e eu acreditei fielmente nesta verdade.
Ao chegar, com certeza, estaremos nos redimensionando para outras direções, pelo simples fato de ter chegado inteiro de onde viemos como duas partes.

FAZ TANTO TEMPO

FAZ TANTO TEMPO I


Faz tanto tempo que eu não lhe vejo. Faz tanto tempo que eu já nem, sei como você está aí por dentro. Depois de tudo o que aconteceu, a gente quase não se fala mais. E tínhamos tanto prá poder dizer que as palavras se tornaram frias, e nem de longe diziam coisa que eu pudesse entender.
Foram ficando sem uso, esquecidas, como nós, na vida... sem um próprio eu.
Paro um pouco prá pensar na vida, e me pergunto: será que valeu?
E a saudade fica então mais forte e fala em nome do meu próprio eu.
Minha cabeça então viaja e junto dela todos os sonhos que pareciam ter ido embora, mas vejo agora, que apenas o tempo adormeceu.
Por um instante a felicidade se faz presente e um sorriso ilumina os olhos meus. Mas é apenas aquele momento em que a saudade diz adeus, e volta tudo como estava antes, no exato instante em que pensei... e esse vazio que machuca tanto, já não encontra nada prá falar comigo. E diz, só pra mim, bem baixinho, que não era em mim que ele gostaria de ter existido.